Eu fiz técnico em informática meramente porque meu pai me ofereceu porque não conseguia passar em universidade pública. Quando terminei o estágio conseguir passar, então nunca exerci a profissão em CLT.
Formei em Design, entrei pra fazer gráfico e saí em produto. E ainda bem, porque hoje eu estaria na situação que o Duccini falou, "Adoro mexer com os programas Adobe mas a repetição de ter de fazer algo que agrada ao cliente é bem estressante".
Todavia, não encontrei sequer estágio na área. No Brasil design de produto é uma coisa elitizada e muito focada, quando não é mal realizado. Tem muito design "fodão" por aí que nem precisaria ter formado pra fazer o que faz. Tipo marcenarias mesmo.
Tô desempregado desde que eu tinha cabelo e venho fazendo bicos e cheguei JUSTAMENTE no dilema que você mencionou. No mês passado lembrei de uma professora que me perguntou algo quando fiz a graduação sanduíche em Portugal: "Até hoje as pessoas discutem o que é Design. Você já tem uma definição pra explicar quando te perguntarem?"
E, de fato, "eu realmente gostaria de fazer algo que visasse a melhora de vida de pessoas". Desde que entrei na universidade tinha a noção clara que meu curso não é de uma área exata como a engenharia em que seria muito útil num evento pós-apocalíptico para reconstrução da sociedade, ou um advogado, que poderia ajudar na reconstrução da sociedade em si.... meu curso é visto como "estético" e supérfluo. E embora o Design tenha uma importância ímpar para o sucesso de empresas, SEMPRE vai utilizar de argumentos subjetivos pra alcançar seus objetivos. Quando exatos, dependem da co-participação de outras áreas e eu sou uma pessoa que ODEIA trabalhar em equipe (aliás, esqueçam essa "endeuzação" de pessoal de RH, trabalhar sozinho não é nenhum defeito, depende de com que você vai trabalhar).
E aí o que eu fiz durante a graduação foi seguir uma linha "acadêmica" sem ser acadêmico, porque design não é ciência. Fiz iniciação científica e projetos voltados í area da sustentabilidade porque, mesmo utilizando de critérios muitas vezes empíricos, é uma tendência que se tornou obrigação.
Hoje eu continuo fazendo bicos de informática básica, que eu queria muito largar. Não quero mais trabalhar com computador. Mas buscando justamente essa vontade de "melhorar a vida de pessoas", é que eu lembrei dessa professora e de um profissional que tem uma definição própria de sua profissão e que é considerada extremamente útil. O Dráuzio Varella define a medicina como uma profissão que tem como objetivo "ALIVIAR O SOFRIMENTO HUMANO". Não curar, não salvar, não ser deus! Olhe a simplicidade dessa definição e depois dá uma olhada no currículo do cara. Isso pra mim é o exemplo claro de médico. E aí venho tentando definir, PRA MIM, o que é o Design, porque afinal de contas, designer hoje faz tudo, tem designer em qualquer área, até na indústria pornô capaz de ter. Designer hoje se acha deus e melhor que qualquer outro profissional porque "soluciona problemas, tira empresa do buraco e cria coisas inovadores!". Meu cu.
(link do vídeo do Dráuzio, goste você dele ou não, o vídeo é bom: /watch?v=o0t_uJx_rHM )
O design que eu projeto, hoje, como uma pessoa que não sabe trabalhar em equipe, me levou a um conceito de que o "designer gera bem estar í s pessoas". É uma descrição genérica, mas que para o objetivo central em diversas áreas, é o que deveria ser feito. Designer trabalha antes de TUDO com o público-alvo do projeto. Todo ele deve girar em torno das pessoas (mesmo que mais capitalista que seja, alguém vai consumir seu produto).
Fiz uma qualificação em marcenaria "recentemente" e vou começar a produzir meus próprios produtos, feitos í mão. Mas não irei vender produtos, irei vender as histórias que eles carregam consigo (que não vou explicar aqui do que se trata primeiro porque o modelo do negócio ainda não está pronto). O objetivo da minha produção será voltar a produzir itens que queiramos guardar e que irão virar heranças.
Acho que esse foi um dos melhores tópicos já criados, acredito que todo mundo queira falar um pouco disso mas quase nunca a ocasião para esse tipo de debate acontece da forma correta. Até quem está plenamente satisfeito (o que eu duvido, Maslow explica) gosta de falar o porquê de estar. Mas assim, eu cheguei NO PONTO que eu quero pra minha vida, que é o que você está pensando agora sobre o trabalho, entretanto... é empreender. É arriscar, é fazer todo o papel de uma empresa e de todos os setores dela e de forma informal (por enquanto). E estou com as mãos atadas pra investir qualquer coisa agora. Estou engatinhando.
Eu sugiro todo mundo a sentar a bunda num parque sem movimento, ou fazer um passeio nas montanhas, ir pra um lugar onde você possa pensar consigo mesmo por uns dias. Leve papel e caneta e deixa a mão ir anotando as ideias que vierem na cabeça pensando sobre esse assunto pra ver se há algo que lá no fundo você quer fazer. E continua anotando esses pensamentos, não é algo que vem do dia pra noite, eu demorei 2 anos pra chegar na conclusão que cheguei no mês passado!
Só não vão cair nessa de "LARGA SEU EMPREGO ESTRESSANTE E SIGA SEUS SONHOS" porque você precisa do dinheiro. Tenta conciliar até conseguir largar. Se eu tivesse trabalhando hoje tinha o dinheiro pra investir nas minhas maquinas, ia continuar trabalhando e fazendo o que eu quero nos fds (tem que fazer sacrificio) até dar certo! E aqui não cabe o SE der certo, e ATÉ dar certo.