Caralho eu sempre clico no botão modificar ao invés do citar. Um dia isso ainda vai dar merda.
A indústria da música é uma das mais antiquadas por exemplo.
Ela era né. Spotify e afins estão diminuindo bastante a pirataria. O mesmo com os filmes em relação ao Netflix.
A galera mais da antiga sabe bem a revolução que a pirataria digital trouxe. Antes a gente era obrigado a ficar gravando música em fita K7, trocando jogo ARJeado em disquete, tendo que procurar livro caro em sebo, ficar esperando a locadora abrir pra conseguir assistir lançamento...
A pirataria foi a descoberta do ouro escondido. Demorou muito tempo pro mercado entender que ele foi o principal responsável pela propagação pirata, com os preços abusivos que ele cobrava por um material que não tem desculpa para ser caro. Nisso acho que o Steam foi um dos pioneiros.
Tem uma coisa que eu to curioso pra saber como vai se desenvolver. Antes aqui no Brasil tudo era caro, porque tudo dependia de mídia. Os jogos tinham a desculpa da manufatura dos chips, a música/filmes dizia que a produção de CDS e DVDs era cara, os livros jogavam a culpa no preço do papel etc. Essa desculpa foi pro espaço e várias coisas começaram a cair de preço (tirando umas livrarias da vida que tem a cara de pau de vender um ebook de 200kb no mesmo preço de um livro físico de 800pgs.) Mas os equipamentos ainda são caros, por questões taxativas e tal, não vou entrar em política fiscal aqui, é muito mais complexo do que "ah nos EUA um PS4 só custa isso". Mas ficou escancarado um rombo entre equipamento reprodutor e arquivo de reprodução. Não vai demorar muito pras pessoas começarem a fazer essa matemática.
Outra coisa interessante, voltando pro assunto mercado fonográfico. Antes a indústria tinha um enorme poder sobre o que o público iria escutar. Ela controlava todos os meios. O rádio, a produção de vinis, a exposição de artistas na televisão. Com a era digital, esperava-se que isso estivesse com os dias contados. Que com a possibilidade de se escutar a música não alavancada pelo mainstream, as pessoas começariam a desenvolver um perfil próprio e dar iguais chances a todos os artistas. Começaria então uma espécie de "meritocracia musical". Chega de jabá.
Mas as pessoas continuam escutando exatamente as mesmas músicas. São sempre as músicas de trabalho dos artistas mais escutados do gênero que essa pessoa gosta. De vez em quando você encontra alguém que passa o tempo escutando músicas que ele realmente descobriu, mas a grande maioria continua com o comportamento "me dê a ilusão de escolha." E isso leva a um ponto mais abrangente, antes o comportamento bovino do ser humano era por falta de opção, de oportunidade de saber que o mundo oferece mais. Mas hoje não, o que parece é que as pessoas optaram em se tornar zumbis. Elas sabem que estão vivendo um mundo 1984 e não se importam, desde que elas tenham a dose regular de entretenimento vazio.
E isso é assustador. Eu duvido que os filósofos do sec. XIX estariam preparados pra isso. Pra vontade do ser humano em ser gado.