O
PRIMEIRO ENCONTRO
Capítulo
IV - Reunião Familiar
Enquanto Miriel era consolada pela doce velhinha, o som de três batidas à porta, ainda aberta, ecoaram pelo salão principal. Junto à entrada da Grande Casa se encontrava uma mulher extremamente pálida e bela, com roupas e cabelos negros. Em seu pescoço, uma corrente segurava uma espécie de cruz com cume arredondado. Todos olharam para ela, menos o “monge”. Um silêncio mórbido tomou conta do ambiente. A mulher tomou a palavra:
- Oi, né?
- Por que todo este circo, minha irmã? – Perguntou o homem pálido,
já com pouca paciência.
- Oras, maninho, não precisa ficar tão irritado por uma bobagem
dessas – Falava a mulher, sorridente, enquanto passava pelas visitantes.
- Você não disse “oi”...
- Olá, agora me responda por que você exigiu minha presença
nesta “cerimônia”... Aliás, por que você e meu
irmão estão aqui, isto não é necessário
em casos como este.
- Então é assim que você demonstra estar feliz em reencontrar
seus irmãos mais velhos? Realmente não precisávamos estar
todos aqui para resolver o caso desta senhora e sua neta... Oi! – Acenou
para as duas, estáticas. - Talvez eu tenha usado a situação
como pretexto para uma pequena reunião familiar! Talvez você possa
aprender como tratar seus entes queridos... Enfim! Como dizem, o que tem de ser, é,
certo manão? – Acenava agora para o outro irmão.
- Pois bem – resmungou o anfitrião –, vamos acabar logo com
isso. Despeça-se de sua avó, garota.
- O que? Como assim? O que vocês vão fazer com ela? Vó?
- Não se preocupe, Miriel. Lembre-se: acredite. – Beijou suavemente
o rosto da neta.
- Mas... – Antes de poder completar a sentença, a jovem foi interrompida
pelo homem com o grande livro:
- E agora ela desperta.
Miriel levantou-se abruptamente da cama, como se acordando de um terrível
pesadelo. Ofegante, buscou o copo d’água sobre o criado-mudo junto
ao leito. Já era manhã – a luz invadia seu quarto pela janela
semicerrada. Ouviu os passos de sua mãe se aproximando, soluçando.
Mesmo antes de receber a notícia, já a sabia em seu coração.
Sua avó estava morta.
Escrito por Oswaldo
Silvestre Jr.
oswaldosilvestre@uol.com.br