Os Ritos de Taiguará



Capítulo VIII - Mudança de Comportamento

- O que aconteceu com você? Está bem? – perguntou assustada a Érica assim que viu o eu estado.

- Hah, mais ou menos, digamos que eu tive um pequeno acidente... Mas o que você faz aqui?

A Érica me olhou meio desconfiada, mas depois de alguns instantes de silêncio resolveu abrir a boca.

- Felipe, precisamos conversar.

Assim entramos no meu apartamento. Eram quase dez horas naquele momento.

- Felipe, eu não sei direito o que é isso que está acontecendo aqui em Taiguará, mas com certeza não é boa coisa. Você não deveria estar se envolvendo com isso. Veja bem, o Lucas já não é mais o mesmo. Na verdade eu sempre achei ele meio estranho, mas nas últimas semanas ele tem agido de uma forma completamente sinistra. E agora que ele some você começa a agir estranho também. Têm faltado ao serviço e ido para lugares misteriosos. O que está acontecendo?

- Não sei. Não faço idéia do que está acontecendo. Só sei que Lucas está em perigo.

- É Lucas, ou é você quem está em perigo?

- ...

- Hoje quando eu saí do estúdio eu tive a sensação de que estava sendo vigiada. Mas não sei dizer se realmente estava sendo, ou se estou paranóica por causa do comportamento de vocês dois. Bom, de qualquer forma eu segui para a biblioteca da faculdade e fiquei procurando por manchetes antigas daqui de Taiguará pra tentar descobrir alguma coisa que indicasse o que está acontecendo aqui. Mas foi uma busca praticamente inútil. Os jornais daqui não relatam nada que preste, a não ser notícias sobre colheitas e vendas. Mas de qualquer forma encontrei isso aqui numa edição de uns cinco anos atrás.

- Ela me passou duas cópias de jornais. Olhei a primeira e vi que se tratava de uma notícia sobre a morte de um jovem. Dizia que o corpo fora encontrado no meio da mata e que havia sido encontradas marcas de uma mordida no tornozelo esquerdo dele, o que caracterizava a picada de uma cobra.

- O que tem isso de tão estranho? – perguntei.

- Veja o nome do rapaz.

Era Fabrício Pereira, filho de uma família sabida influente em Taiguará, apesar de não ser uma família rica. Uma foto mostrava o local onde o jovem foi encontrado.

- Continuo sem entender.

- Você ainda não olhou a segunda cópia.

Uma notícia de um evento festivo que tinha ocorrido pouco antes da morte de Fabrício. Olhando uma foto do evento, lá estava Fabrício, acompanhado de uma garota, que a julgar pela foto com certeza era sua namorada. Reconheci a garota.

- É a namorada do Lucas!!

- Isso não é o mais surpreendente. Olhe bem no canto direito.

Olhei e na hora reconheci a imagem de Lucas.

- Mas isso não é possível, ele se mudou pra cá a dois anos apenas.

- Sim, eu sei disso, mas pelo visto ele já é um velho conhecido desta cidade...

Já estava tarde, e a Érica resolveu ir embora. Claro que a acompanhei até a sua casa. Ainda mais com tudo que tinha acontecido.

Na volta passei na frente do apartamento de Lucas. Estava vazio. Fiquei lá na frente por uns momentos tentando encontrar explicações. E, de repente, tal como havia acontecido com a Érica, tive a nítida sensação de estar sendo vigiado. Olhei para os lados mas não vi ninguém. Achei melhor voltar pra casa.

Aquela noite eu praticamente não dormi. A todo instante me levantava e ia até a janela para conferir se não tinha ninguém me vigiando. Estava ficando paranóico.

Escrito por Felipe Duccini
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