Os Ritos de Taiguará



Capítulo XXII - Busca

O Peugeot seguia por ruas pouco movimentadas de Taiguará. Guilherme evitava ao máximo chamar a atenção. Conforme íamos ao possível cativeiro, ele foi me explicando que Lucas havia conseguido a informação com Kátia tentando não levantar suspeitas, e não tinha certeza se aquele local era mesmo o cativeiro de Natasha. Ao que parece, Kátia na sua ilusão de conseguir arrastar Lucas para a facção e de ver seus anseios concluídos, acabou não se dando conta de que Lucas estivesse fazendo isso por uma outra razão.

De qualquer forma Lucas agora seria apresentado ao restante da facção, e isso me amedrontava. Já tinha visto tais membros naquela danceteria, e imaginava o perigo em que Lucas estava se metendo. Então Lucas não pode ir conosco, teve de ficar com Kátia, e tentar conhecer melhor os segredos dessa facção, sem parecer suspeito à Kátia. O lado bom dessa história (se é que existe um) é que caso soubesse de algo, Lucas estaria nos avisando. Ele agora seria uma espécie de informante dentro da facção.

Já estávamos em área rural da cidade. Assim que viu um lugar apropriado, em um pequeno sítio abandonado, Guilherme entrou com o carro, seguiu por uma espécie de trilha por entre algumas árvores, e parou em um ponto em que a mata se fechava mais.

- Vamos deixar o carro escondido aqui e seguir o resto a pé.

- Estamos longe?

- Um pouco, mas não podemos nos arriscar sermos vistos ao chegar lá. O local do cativeiro é fechado, e se formos a pé poderemos ir escondidos.

Naquele momento eram quatro horas da tarde. Começávamos a caminhada beirando a floresta, a todo momento atentos ao som de vozes, ou barulho de carros, para podermos nos esconder a tempo.

Por volta das sete e meia, Guilherme indicou a rua que levava à tal casa. Perguntei a ele como ainda sabia aquele caminho, já que estava a seis anos afastado de Taiguará. Respondeu-me que tal local foi bastante usado quando ainda fazia parte da Sociedade, e agora pelo visto estava “desativado”.

A parir daquele momento entramos na mata e percorremos o caminho por ela, o mais afastado possível da rua, sem que nos perdêssemos.

Pouco depois pudemos ouvir o som longínquo de um motor. Ficamos parados esperando. O barulho foi aumentando de intensidade e em poucos instantes um veículo que não pude reconhecer qual era passou em velocidade moderada.

Não fomos capazes de ver quantas pessoas havia dentro do carro.

- 5:35 – disse baixinho Guilherme – Vamos, estamos perto.

Senti que o celular estava vibrando. Tinha recebido uma mensagem de Lucas. “Acredito que haverá uma reunião urgente da facção por volta das 9 horas, mas não pude descobrir onde”. Mostrei a mensagem a Guilherme.

- Então esperaremos até as 9:00, quando provavelmente terão poucos membros no cativeiro.

- A não ser que essa reunião seja realizada lá mesmo...

Guilherme nada respondeu e continuamos. Caminhamos lentamente por mais meia hora, quando com o dedo Guilherme apontou para determinada direção. A princípio não pude reconhecer nada, mas conforme avançamos mais um pouco, a forma de uma moradia foi se revelando por entre os troncos das árvores.

- Chegamos – confirmou Guilherme.

O cativeiro de Natasha despontava à nossa frente.

Escrito por Felipe Duccini
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