Os Ritos de Taiguará



Capítulo XVII - Pra Onde Quer Que Você Vá

Às 8:30 daquela manhã de terça-feira, fui acordado com o tocar do telefone. Qual não foi a minha surpresa e felicidade quando ouvi a voz de Natasha pedindo para que nos encontrássemos naquele posto de conveniência, onde a cerca de uma semana tinha ido eu, durante a madrugada, em busca de um simples pacote de café torrado.

Tinha milhares de dúvidas na cabeça, e não estava disposto a perder a chance de esclarecê-las. Esse encontro se mostrava totalmente providencial, além é claro, da oportunidade de rever a garota que eu estava apaixonado.

No trajeto até o posto, fiquei pensando no que perguntaria a ela. Mas apesar de estar com a cabeça a mil, e cheio de indagações, não consegui me lembrar de nenhuma assim que a vi sentada em uma mesinha do canto no estabelecimento, esboçando um sorriso mal contido ao me ver.

Queria passar o dia inteiro com ela (e a noite também), contudo logo que nos abraçamos ela disse que teríamos de ser rápidos, e que as coisas estavam sérias.

- Felipe, me desculpe, tem tanta coisa acontecendo, e você não sabe de nada. Mas quero que entenda que não posso lhe dizer, porque você ou se envolveria de uma forma perigosa, ou acreditaria estar namorando uma louca. Apenas entenda que existem coisas sobre a minha família que são muito difíceis de explicar.

- Do tipo, uma comunhão com espíritos ancestrais da natureza?

Ela me olhou completamente surpresa.

- Como você sabe? – começou a tremer.

Segurando suas mãos, disse:

- Ontem a noite Lucas foi até meu apartamento. Ele me explicou sobre a sociedade a que vocês pertencem, falou sobre o seu passado, e também me explicou porque você é tão especial dentro da sociedade.

Natasha demorou um certo tempo para saber o que dizer.

- Bem, eu temia demais que isso acontecesse. Agora que você sabe, tenho certeza de que irá fazer de tudo para me tirar de lá, se bem o conheço.

- Pode ter certeza!

- Mas não pode, Felipe, sinto muito. Não posso deixar você tomar parte disso. Se acontecer algo a você, nunca irei me perdoar.

- Natasha, você não pode me controlar! Você é a coisa mais especial que me ocorreu em muito tempo. Não vou abandona-la! Estarei do seu lado, custe o que custar. E mesmo que diga que não me quer, farei de tudo pelo seu bem, porque é só nisso que eu consigo pensar agora.

Ela, praticamente chorando, me abraçou, e depois de alguns minutos assim disse baixinho ao meu ouvido.

- Eu tinha pedido para vir aqui para eu poder me despedir de você. Existe uma pessoa que conseguiu se afastar da sociedade e hoje vive escondida, mas desde que ele fugiu mantivemos contato. Iria finalmente me encontrar com ele, para poder fugir daqui também. Essa pessoa é o meu irmão mais velho.

- Então está indo embora? Natasha, eu fico muito feliz em ouvir isso, sabe? Não pode mais ficar aqui. Mas também tenho de admitir que essa notícia de certa forma me deixou arrasado, afinal, provavelmente não iremos nos ver nunca mais, e eu gosto tanto de você... não imagina o quanto, chego até a pensar se não é...

- Felipe, seu bobo, por favor, venha junto comigo...

Escrito por Felipe Duccini
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