Os Ritos de Taiguará



Capítulo XVI - Explicações (Parte 3)

- Lucas, não consigo entender uma coisa. Da forma que você fala esta sociedade a que pertence parece ser algo bom, mas você antes se referiu a ela como algo maligno, assim como os cidadãos daqui.

Respirando fundo, Lucas prosseguiu:

- Sim, é verdade, deveria ser algo bom. Quando vim pra cá tinha no fundo do meu coração a certeza de que viria para participar de algo maravilhoso. Mas com o tempo fui percebendo que não era bem assim. O homem se corrompe fácil, e cada vez mais pessoas de caráter duvidoso se infiltravam na sociedade. Pessoas influentes de Taiguará, que acabaram por confundir muitos membros, através de seus jogos e alianças políticas. Se pudesse já teria deixado a sociedade, mas ela até hoje está de tal maneira corrompida, que aqueles que desejam larga-la sofrem pressões gradativas, e muitas vezes até ameaças. Como aconteceu com Fabrício Pereira...

Com um frio na espinha pensei em Natasha, e em eu pedindo para que ficasse até aquela noite comigo.

- O que eu sei foi através de umas cópias de jornais que a Érica me mostrou. Sei que ele morreu devido a uma picada de cobra... aliás, foi muito bom você ter tocado neste assunto, porque em outra foto, que devia ser de uns 5 anos atrás, você estava do lado dele, e aquela sua garota também aparecia na foto.

- Sim, a Kátia e o Fabrício foram namorados nessa época, até que ele morreu. O que eu posso dizer é que não acredito nem um pouco nessa história de picada de cobra. Conhecia pouco o Fabrício, mas fiquei sabendo de alguns desentendimentos entre ele e outros membros da sociedade. Comecei a participar dela no dia em que eu e Aline desaparecemos.

Essa revelação, ao mesmo tempo que surpreendente, começou a fazer todo o sentido do mundo pra mim, e a explicar muitas coisas.

- A nossa sociedade não está mais restrita a Taiguará, ela compõe cidades ao redor do Brasil inteiro, e até outros países. Digamos que Taiguará é o maior centro dela. Naquele dia do desaparecimento, pude presenciar a celebração de um culto de adoração à natureza. Estava fascinado com aquilo tudo, quando uma mão pousou sobre o meu ombro. Era um senhor vestindo uma túnica verde escura, que para o meu assombro sabia quem eu era. Ele me explicou que o que eu estava vendo era uma coisa boa, e que eu poderia participar daquilo, desde que eu não contasse a ninguém. Bem, o tempo foi passando, e o meu contato com a seita foi ficando cada vez mais freqüente, até que quando obtive minha total independência, pude me mudar para o local sede da sociedade.

O relógio marcava 11:11 da noite, queria perguntar mais coisas, mas Lucas precisava ir. Abracei ele e agradeci por tudo, e disse que era meu amigo e estaria sempre disposto a ajuda-lo, fossem quais fossem as circunstâncias.

Escrito por Felipe Duccini
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